Adotei, com uma querida amiga inglesa, beber um bom chá para fazer um break.
Ontem foi mesmo um desses dias.
O telemóvel tocou e o número era do Colégio. Sempre que vejo esse número o meu coração fica instantaneamente apertado e começo logo a sofrer por antecipação a pensar no que é que poderá ter acontecido a um dos dois.
A voz era da enfermeira, a suspeita desta vez estava certa e, diz-me:
– O Tomás deu uma queda, nada de grave, mas está com um hematoma grande no olho. Por prevenção convém ser levado ao hospital.
Lá fui eu a correr.
Chego ao hospital, entre a triagem, a consulta e a radiografia algum choro pelo meio e automaticamente
ouço a frase: “Os homens não choram” e “Já passou”.
Não, não passou, continua a doer! Chora porque doi e enquanto chorar é bom sinal. Tem a coragem de assumir a sua dor. Isso é saudável, porque castrar?
Os rapazes têm direito de chorar, de brincar com panelas e com bonecas, os rapazes tem o direito de usar o cabelo comprido.
Continuamos a viver numa sociedade cheia de estigmas e com uma grande pressão para não contrariar certos estereótipos.
O Tomás chora, brinca com carros, naves, dragões, dinossauros mas também com panelas e bonecas, usa cabelo comprido. Quando criar asas para voar espero que continue a fazer aquilo que ama e a ser simplesmente sincero.
Bom fim-de-semana!